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sábado, 12 de maio de 2012

                             Afinidades

Artur da Távola





A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,

delicado e penetrante dos sentimentos.

É o mais independente.


Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,

as distâncias, as impossibilidades.

Quando há afinidade,

qualquer reencontro retoma a relação,

o diálogo, a conversa,

o afeto no exato ponto em que foi interrompido.


Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.

Do subjetivo para o objetivo.

Do permanente sobre o passageiro.

Do básico sobre o superficial.


Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe

não precisa de códigos verbais para se manifestar.

Existia antes do conhecimento,

irradia durante e permanece

depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,

sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.


Afinidade é ficar longe pensando parecido

a respeito dos mesmos fatos que impressionam,

comovem ou mobilizam.

É ficar conversando sem trocar palavras.

É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.


Afinidade é sentir com, nem sentir contra,

nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.

Quanta gente ama loucamente,

mas sente contra o ser amado.

Quantos amam e sentem para o ser amado,

não para eles próprios.


Sentir com é não ter necessidade de explicar

o que está sentindo.

É olhar e perceber.

É mais calar do que falar, ou, quando é falar,

jamais explicar: apenas afirmar.


Afinidade é jamais sentir por.

Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.

Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.

Compreende sem ocupar o lugar do outro.

Aceita para poder questionar.

Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.


Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.

É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas

quanto das impossibilidade vividas.


Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou

sem lamentar o tempo de separação.

Porque tempo e separação nunca existiram.

Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,

para que a maturação comum pudesse se dar.

E para que cada pessoa pudesse e possa ser,

cada vez mais a expressão do outro

sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.


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